MOÇAMBIQUE: SUBMETIDA QUEIXA-CRIME CONTRA COMANDANTE DA POLÍCIA QUE AGREDIU MULHER
Uma queixa-crime contra um comandante da polícia que agrediu uma mulher durante a manifestação de um grupo que contestava a investidura do novo Presidente moçambicano, Daniel Chapo, foi esta quinta-feira submetida à Procuradoria, pelo Centro para Democracia e Desenvolvimento.
“Há pelo menos dois crimes identificados. Primeiro é o crime de ofensas corporais e o outro é de coacção física, com a intenção de injuriar”, declarou à comunicação social, André Mulungo, editor do boletim do Centro para Democracia e Direitos Humanos, Organização Não-Governamental (ONG), momentos após submeter o documento à Procuradoria-Geral, em Maputo.
A vítima foi agredida na quarta-feira pelo comandante de um grupo de agentes da Unidade de Intervenção Rápida e, posteriormente, atingida, diversas vezes, por um bastão por um outro agente, na presença de diversas cadeias televisivas internacionais que cobriam as operações da polícia para desmobilizar um grupo de manifestantes que contestava, a cerca de 300 metros do local da investidura, no centro de Maputo.
“A intenção não era só injuriar, mas também lançar uma mensagem para todas as pessoas que estavam ali à volta dando conta de que qualquer movimento podia ser respondido na mesma dimensão e na mesma proporção”, acrescentou Mulungo.
As imagens da agressão, amplamente difundidas nas redes sociais, geraram uma onda de solidariedade, com populares, na presença da própria vítima, a marcharem até a casa do comandante num dos bairros de Maputo para protestar contra a violência.
Durante a operação nos arredores da Praça da Independência, a polícia recorreu a disparos e gás lacrimogéneo para desmobilizar um grupo de manifestantes que, empunhando cartazes de apoio ao candidato presidencial Venâncio Mondlane, insistia em concentrar-se em frente ao Banco de Moçambique, bloqueados pela polícia.
A eleição de Daniel Chapo tem sido contestada nas ruas desde outubro, com manifestantes pró-Mondlane a exigirem a “reposição da verdade eleitoral”, com barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que já provocaram mais de 300 mortos e mais de 600 pessoas feridas a tiro, segundo organizações da sociedade civil que acompanham o processo.