DANIEL CHAPO RECEBE EMPRESÁRIO ELIAS CHIMUCO COM ALEGAÇÕES PÚBLICAS DE CORRUPÇÃO, BURLA E DÍVIDAS

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O Presidente da República de Moçambique, Daniel Chapo, recebeu no Palácio da Ponta Vermelha, o empresário angolano Elias Chimuco, numa reunião oficialmente destinada a “estreitar laços de investimento” entre os dois países lusófonos.

No entanto, o encontro ocorre sob a sombra de graves e persistentes alegações públicas que pesam sobre Chimuco em Angola, incluindo acusações de corrupção, burla em contratos públicos e dívidas milionárias ao Estado.

A fotografia oficial do aperto de mão entre os dois homens retrata a normalidade de uma relação diplomática e económica.

A narrativa do governo moçambicano foca-se na necessidade pragmática de atrair capital para sectores estratégicos como a energia e a logística Contudo, a figura de Elias Chimuco é indissociável das controvérsias que marcaram o cenário empresarial angolano, principalmente a sua associação ao círculo de poder do anterior regime.

Em Angola, o nome de Chimuco figura com destaque em relatórios de investigação jornalística e listas de devedores de bancos públicos, como o BPC, onde é apontado como um dos beneficiários de “crédito mal parado” que lesou o erário público em centenas de milhões de dólares. As acusações estendem-se a um alegado envolvimento em esquemas de burla, através de empresas que teriam recebido pagamentos por obras públicas nunca concluídas.

Para a nova administração de Moçambique, liderada por Daniel Chapo, receber uma figura com este histórico representa um ato de equilíbrio delicado.

Por um lado, há a necessidade de garantir investimentos que possam impulsionar a economia. Por outro, a associação a um empresário tão controverso levanta sérias questões sobre o compromisso do novo governo com a transparência e a boa governação.

“E um dilema clássico”, comenta um analista político em Maputo.”

Rejeitar o capital de figuras como Chimuco pode significar perder oportunidades de investimento.

Aceitá-lo, no entanto, acarreta um risco de reputacional significativo, podendo sinalizar que Moçambique está aberto a negócios com atores de integridade questionável”.

Este encontro em Maputo, portanto, é mais do que uma simples reunião de cortesia. E um retrato fiel da complexa e muitas vezes contraditória relação entre politica e negócios em África, onde a busca urgente por desenvolvimento económico frequentemente colide com os fantasmas da corrupção e da falta de escrutínio.

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