CATOCA: FUNCIONÁRIOS DENUNCIAM BAIXOS SALÁRIOS, PÉSSIMAS CONDIÇÕES DE TRABALHO E DOENÇAS CRONICAS

A Sociedade Mineira do Catoca é alvo de intensas críticas devido à poluição que continua a afetar a zona fronteiriça do Baixo Zaire, Nordeste de Angola. Líquidos tóxicos oriundos das lavarias de mineração estão invadindo os rios que cruzam a região, resultando na morte de diversas espécies, incluindo peixes e hipopótamos, além de afetar a saúde de populações que habitam ao longo das margens ribeirinhas.
As autoridades locais, acusadas de negligência, têm registrado um aumento preocupante de mortes entre os habitantes que dependem dos rios Kasai e Tshikapa. A contaminação, causada por produtos químicos tóxicos, já resultou na morte de cerca de 20 hipopótamos e um número significativo de cardumes de peixes. A falta de controle de segurança e as condições precárias das tubagens, apesar de a mina ser considerada a quarta maior do mundo, agravam ainda mais a situação.
O Rio Kassai, que nasce na Lunda Sul e atravessa a República Democrática do Congo, possui uma extensão de 2.153 km e parte de uma bacia hidrográfica que abrange 900.000 km², com uma vazão média de 1.200 metros cúbicos por segundo. Essa poluição não impacta apenas a fauna, mas também ameaça a subsistência das comunidades que vivem nas suas margens.
Em meio a essa crise ambiental, funcionários da Catoca levantaram sérias preocupações sobre a gestão do presidente do conselho de administração, Benedito Paulo Manuel. Eles denunciam que ele estaria em desacordo com a visão do presidente do país e supostamente tem direcionado os fundos da empresa de maneira incerta. Para tentar melhorar sua imagem, Benedito Paulo estaria investindo em prêmios internacionais e pagando influenciadores para promover uma versão idealizada da Catoca, que, segundo os funcionários, é apenas uma fachada.
Além disso, os colaboradores expressam sua insatisfação com a desvalorização dos trabalhadores nacionais em relação aos estrangeiros. As reclamações revelam um descontentamento crescente entre os funcionários, que se sentem ignorados e desrespeitados em suas condições de trabalho.
É alarmante que, enquanto a Catoca gastou milhões de kwanzas em prêmios para a seleção de basquete, seus trabalhadores enfrentam dificuldades financeiras e condições laborais precárias. Diante desse cenário, os funcionários ameaçam organizar uma série de manifestações se não houver um reajuste salarial e melhorias nas condições de trabalho. A insatisfação é palpável, e a pressão por mudanças está se intensificando, apontando para uma crise que demanda atenção urgente.