CHEFE DE ESTADO DESTACA CONTRIBUTO DE BRITO SOZINHO EM PROL DE ANGOLA

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A trajectória do nacionalista e diplomata angolano António Brito Sozinho, falecido no dia 17 deste mês, aos 84 anos, por doença, em Lisboa, foi referenciada, domingo, em Luanda, pelo Presidente da República como um exemplo de dedicação e entrega à causa da Pátria angolana.

O Presidente João Lourenço enalteceu a trajectória de Brito Sozinho na mensagem deixada no livro de condolências, em memória do malogrado, no Quartel General do Exército (Ex-R20), onde se deslocou, na manhã de ontem, acompanhado da Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, para render a última homenagem ao nacionalista, e confortar a família enlutada.

“Muito jovem ainda, abandonou o País, para se juntar a quem no exterior desenvolvia actividades a favor da Luta de Libertação Nacional”, recordou o Chefe de Estado, reforçando que, depois da Independência, Brito Sozinho desenvolveu, igualmente, uma activa carreira diplomática, tendo sido embaixador em numerosos países africanos e nos nórdicos da Europa.

“Expresso os meus sentimentos a toda a família enlutada e a todos os seus amigos e companheiros de jornada nas várias frentes em que actuou”, destacou o Chefe de Estado, na mensagem em homenagem ao nacionalista, reiterando que foi com profundo sentimento de pesar que tomou conhecimento do seu falecimento.

No mesmo recinto, o Presidente da República depositou uma coroa de flores junto à urna do antigo político e diplomata.

Depois do Chefe de Estado, várias outras entidades do país, com destaque para a Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, ex-Vice-Presidente da República, Bornito de Sousa, e a ex-Primeira-Dama da República, Ana Paula dos Santos, renderam, igualmente, homenagem à memória de Brito Sozinho, que foi a enterrar, ontem, no campo santo do Alto das Cruzes.

Das instituições por onde o nacionalista Brito Sozinho passou também vieram mensagem de condolências.

O Ministério das Relações Exteriores, onde o fez, praticamente, toda a sua carreira como diplomata, recordou Brito Sozinho como um servidor público consequente e engajado nas várias tarefas que lhe foram incumbidas em prol da contínua afirmação de Angola, no concerto das nações.

“Ao longo da sua carreira, como diplomata, entregou-se com devoção na defesa dos interesses do seu povo, na promoção do diálogo, multilateralismo e busca incansável de consensos políticos para a realização dos anseios mais prementes da política externa angolana”, destacou o Ministério das Relações Exteriores, na mensagem lida, no local, pelo embaixador e director da Academia Diplomática Venâncio de Moura, Marcos Barrica.

Do Ministério da Defesa Nacional, Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, onde também passou, com o pseudónimo de “Longa Marcha”, veio o reconhecimento como um filho que desde cedo começou a se bater-se pela conquista da Independência Nacional. Ainda sobre o percurso do nacionalista Brito Sozinho, o antigo chefe da diplomacia angolana, Manuel Augusto, levou os presentes a viajarem na vasta folha de serviço do nacionalista e diplomata em prol do país.

No seu estilo de leitura pausada, o actual secretário do Bureau Político do MPLA para as Relações Exteriores mostrou, de forma detalhada, as várias missões cumpridas por Brito Sozinho, até à sua morte. “Reunimo-nos, hoje, aqui, para prestar a última homenagem a um homem bom”, foram essas palavras usadas por Manuel Augusto, como introdução, para a leitura do elogio fúnebre que revisitou o percurso do nacionalista. Desde muito cedo, contou Manuel Augusto, Brito Sozinho demonstrou possuir habilidades distintas, tendo destacado, entre várias, a capacidade de liderança, que disse ter sido fundamental na mobilização de outros jovens do seu tempo para abraçarem a causa nacionalista contra a colonização.

Destacadas as capacidades do nacionalista Brito Sozinho

O antigo chefe da diplomacia angolana ressaltou que essa capacidade de Brito Sozinho contribuiu muito para despertar a consciência nacionalistas em muitos jovens. “O seu abnegado engajamento entusiasmou e atraiu vários jovens para acções que não passavam despercebidas ao regime colonial”, salientou.

No quadro das acções como nacionalista, Manuel Augusto lembrou que Brito Sozinho, juntamente com Balduíno Silva “Buanga”, Mário Santiago, Bia Santiago, Manuel da Conceição Neto, Pedro de Castro Van-Dúnem Loy e José Eduardo dos Santos, estão entre os fundadores do Clube Desportivo Ginásio.

Localizado no município do Sambizanga, este clube tinha como finalidade a formação política e difusão cultural entre a juventude, e não só, assim como servia de elemento de consciencialização patriótica e monitorização de acções de controlo de agentes infiltrados nos bairros, que colaboravam informadores da PIDE.

No Ministério das Relações Exteriores, onde Brito Sozinho foi o primeiro director do Protocolo de Estado e da Direcção África e Médio Oriente, Manuel Augusto fez saber que a sua voz tornou-se um bálsamo, e a sua presença, um elo. Como diplomata, disse que o nacionalista reaproximou nações, selou acordos e desenhou os contornos de uma Angola soberana no palco global.

“A sua habilidade em navegar as complexas águas da diplomacia e relações internacionais viria a ser importante para a estabilidade e o reconhecimento de Angola no cenário internacional, elemento fundamental da estratégia mais global de consolidação da Independência e manutenção da soberania e integridade territorial do país”, acentuou. 

 O teu maior legado foi ensinar-nos o respeito ao próximo

A família recordou o nacionalista Brito Sozinho como alguém atencioso e que se preocupava em ajudar quem necessitasse. A filha Nádia Sozinho destacou, na sua mensagem, que Angola e a família perderam um grande homem. Bastante inconsolada, Nádia Sozinho disse ter perdido o melhor ser humano que conheceu e teve a felicidade de chamar de pai. 

“O teu maior legado foi de nos ensinar o respeito ao próximo, não importando a classe social. Se hoje somos homens e mulheres íntegros é porque tivemos um exemplo de pai, batalhador e de um pai conquistador”, aclarou a filha. Da esposa, ouviu-se o testemunho de Brito Sozinho como um esposo amoroso, pilar da família, amigo leal e presença que iluminou a vida de todos que tiveram a honra de o conhecer. 

Sublinhou que Brito Sozinho não era apenas um nome, mas, também, um exemplo de força silenciosa, de bondade, que não precisava de palavras e de amor que se manifestava em gestos simples, mas profundos.

Carreira como diplomata

Depois da Independência Nacional, Brito Sozinho tornou-se um diplomata muito influente no Ministério das Relações Externas. As suas capacidades como diplomata foram cruciais na reaproximação de Angola com o Norte Global e nas assinaturas dos acordos de paz e pelas eleições multipartidárias. 

Desde então, foi destacado como embaixador na Nigéria, Benim, Niger e CEDEAO , Tanzânia, Quénia, Burundi, Uganda, Comores, Maurícia e Seycheles, Guiné-Bissau, Gâmbia, Guiné-Conacri, Mali, Mauritânia e Serra Leoa , Países Nórdicos e Países Bálticos, Moçambique, Eswatini, Malaleli e Madagáscar .

Desde 2019, servia como assistente do corpo diplomático em Angola. Enquanto embaixador de Angola em Bissau, foi importantíssimo no repúdio internacional às sucessivas tentativas de golpe de Estado na Guiné-Bissau, em 2008, 2009 e 2011, e no fortalecimento das instituições democráticas no país.

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