ESPECIALISTA ACONSELHA UNITA A NÃO ARRASTAR CONFLITOS INTERNOS AO CONGRESSO
O politólogo Almeida Pinto apelou aos líderes da UNITA a ultrapassarem a situação de forma interna e o quanto antes possível, por acreditar que o assunto não vende uma boa imagem do partido, que se consagra como a maior força política na oposição.
Para o analista, os “maninhos” deviam redimir este conflito para que não se arraste até ao XIV congresso.
A equipa de advogados do militante da UNITA, José Pedro Kachiungo, suspenso por dois anos, por ter participado na cerimónia de tomada de posse do Presidente da República, em 2022, prometem arguir, em torno do acórdão 947/2024, que declarou a extinção da instância por inutilidade superveniente da lide, que poderão arguir em caso de não se alcançar consenso entre a UNITA e o seu constituinte.
A informação foi avançada em conferência de imprensa nesta terça-feira, pela advogada Eugénia Texas.
Sobre o assunto, o deputado e Secretário provincial do “Galo Negro” em Luanda, Adriano Sapiñala, disse essa semana à Rádio Essencial que a decisão do acórdão é clara, e, lamentou o facto de José Pedro Kachiungo ter recorrido ao Tribunal Constitucional quando poderia tratar o assunto internamente.
“Eu primeiro lamento, o facto dele ter que recorrer ao Tribunal Constitucional para ir tratar de um assunto que poderia se tratar facilmente dentro do partido, e aliás, tratou-se, só que, infelizmente, ele foi se recusando a responder junto do órgão do partido que tem a responsabilidade de dirimir esses pequenos conflitos entre os membros e não só, mas, infelizmente, digo infelizmente porque ele é um quadro que já concorreu duas vezes à presidência da UNITA, é um quadro com uma trajectória irrepreensível naquilo que foram os seus anos de militância, mas que ultimamente tem estado com uma postura que nos deixa meio tristes, porque, na verdade, a situação era bem resolvida, se atendesse às chamadas, não atendeu e, por cima, recorreu ao Tribunal Constitucional. O Tribunal Constitucional, como disse esta, praticamente não decidiu nada, porque tudo já tinha sido tratado a nível interno”, lamentou.
A jurista Eugénia Texas disse, por outro lado, que os advogados da UNITA mentiram ao Tribunal Constitucional, por isso, sustenta que José Pedro Kachiungo foi vítima de artifícios políticos, por medidas ilegais, com a suspensão preventiva como membro efectivo da Comissão Política, onde era candidato, sem formalidades processuais.
Por seu turno, Sapiñala questionou as motivações que levaram o militante Kachiungo a ter aquela conduta, e disse que a UNITA é uma máquina muito forte, que não se abala facilmente, e exige respeito das normas internas.
“Há regras que devem ser cumpridas, há passos que devem ser dados, que são do domínio do militante, porque ele conhece a máquina partidária e, infelizmente, ele não deu se calhar ouvido à sua consciência, porque, por acaso, quando eu digo não deu ouvido à sua consciência, é porque não se trata de alguém que desconheça a matéria, não, trata-se de alguém que domina, domina essa matéria toda, mas, infelizmente, por conveniência, optou por ir ao Tribunal Constitucional”, disse.