NORBERTO GARCIA: UM POLÍTICO DESCONECTADO DA REALIDADE ANGOLANA- PAULO LEITE BARROS

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Em um recente debate numa plataforma digital, o político do MPLA, Norberto Garcia, apresentou uma série de propostas para a juventude angolana que, à primeira vista, pareceriam promissoras. No entanto, ao analisar suas declarações, fica a pergunta: em que país vive Norberto Garcia? Suas soluções parecem ter sido extraídas de um conto de fadas, onde o cartão de militante não tem mais valor do que um projeto sério de vida.

Garcia mostrou-se surpreso com os questionamentos dos seus oponentes, como se não estivesse ciente da dura realidade que muitos jovens enfrentam em Angola. Ele discorreu sobre autoemprego e financiamento como se estas fossem opções acessíveis a todos, ignorando que, na prática, o acesso a crédito e financiamento é frequentemente reservado aos privilegiados que ostentam um cartão do MPLA. Essa prática não apenas limita as oportunidades de muitos, mas também perpetua um sistema de favoritismo que tem suas raízes na política angolana.

Quando Norberto menciona o problema dos créditos mal parados, é crucial que ele reconheça a realidade por trás desse fenômeno. A falência de muitas instituições financeiras em Angola não é resultado de um povo desonesto ou de projetos mal concebidos, mas sim da má gestão e de empréstimos exorbitantes concedidos a militantes do MPLA, que, em muitos casos, nunca foram pagos. Enquanto isso, os jovens que buscam legítimas oportunidades de financiamento para investir em seus sonhos continuam à mercê de um sistema que os marginaliza.

Garcia parece viver em um mundo onde a meritocracia é a norma, ignorando que, em Angola, a filiação partidária muitas vezes se sobrepõe ao talento e à determinação. O que o país realmente precisa são políticas que democratizem o acesso ao crédito e que permitam que qualquer cidadão, independentemente de sua afiliação política, possa realizar seus projetos. As ideias apresentadas por Garcia, embora bem-intencionadas, carecem de um entendimento profundo da realidade social e econômica que os jovens angolanos enfrentam.

A desconexão de Norberto Garcia com a realidade é alarmante. Ele deve urgentemente deixar de lado sua visão utópica e se familiarizar com os desafios que Angola realmente enfrenta. O país não é um cenário de conto de fadas, onde as soluções são simples e acessíveis; é um lugar onde o povo luta por oportunidades em meio a um sistema que frequentemente os exclui.

A juventude angolana merece mais do que discursos vazios e promessas ilusórias. O futuro do país depende de uma liderança que reconheça a realidade e trabalhe para criar um ambiente onde todos, independentemente de sua afiliação política, possam prosperar. Norberto Garcia precisa entender que, se deseja ser uma voz para a juventude, deve primeiro ouvir suas necessidades e lutar por um sistema que realmente funcione para todos. Somente assim poderemos transformar Angola em um país onde o talento e a determinação sejam valorizados acima de qualquer cartão de militante.

Paulo Leite Barros- Ceo e fundador do Lil Pasta News 

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