PROTESTOS EM MOÇAMBIQUE SÃO “UMA MENSAGEM” PARA QUALQUER GOVERNO DO MUNDO – EUA

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A responsável norte-americana para os assuntos africanos considerou hoje que os protestos pós-eleitorais em Moçambique são “uma mensagem” para qualquer governo do mundo, que devem estar atentos à vontade de mudança dos eleitores.

Em entrevista à Lusa, um dia depois de o Presidente norte-americano concluir uma visita de 72 horas a Angola, a Secretária Adjunta de Assuntos Africanos do Departamento de Estado dos EUA, garantiu que Biden está focado nas pessoas, reafirmou os benefícios do Corredor do Lobito e falou sobre a situação que se vive em Moçambique, notando que em muitos países está a ser reavaliado o papel dos partidos de libertação.

O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) está no poder desde que Angola conquistou a independência em 1975, tal como a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), e apesar de não querer comparar os dois países, Molly Phee admitiu que os eleitores cada vez mais pedem prestação de contas.

“Não sei se o que acontece em outro país é um fator para a população angolana, mas é evidente que muitos dos governos e sociedades da África Austral estão a reavaliar o papel dos partidos de libertação e exigindo responsabilização. Vimos as eleições na Botsuana, na África do Sul, na Namíbia”, apontou.

No Botsuana, o partido que liderava há 58 anos foi derrotado nas eleições de novembro, na África do Sul pela primeira vez desde o fim do regime do apartheid, o Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês) perdeu a maioria absoluta nas eleições de junho para o parlamento, e na semana passada, a Namíbia elegeu pela primeira vez uma mulher como Presidente da República.

“Então, há modelos positivos para a mudança, não a experiência difícil que Moçambique está a passar”, adiantou, frisando que o mesmo vale para os Estado Unidos.

“Pode-se dizer que a última eleição foi um referendo sobre os incumbentes. Os eleitores em todo o mundo estão a exigir que os seus governos tragam mudanças. Acho que (os protestos) são uma mensagem quem serve para qualquer governo em qualquer sitio do mundo”, salientou Molly Phee, numa entrevista exclusiva à Lusa.

O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique, em 24 de outubro, dos resultados das eleições de 09 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo na eleição a Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane e que têm degenerado em confrontos violentos com a polícia.

Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este não reconhece os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.

Pelo menos 88 pessoas morreram e 274 foram baleadas durante as manifestações e paralisações de contestação aos resultados eleitorais desde 21 de outubro, indicou hoje a organização não-governamental (ONG) Plataforma Eleitoral Decide.

O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou a uma nova fase de contestação eleitoral de uma semana, a partir de quarta-feira, em “todos os bairros” de Moçambique, com paralisação da circulação automóvel das 08:00 às 16:00.

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