QUANDO INDIFERENÇA DO GOVERNO REVOLTA O POVO

O “vandalismo” que, recentemente, observámos em Luanda é, de certo, o resultado da má governação em Angola. É isso que todos nós devemos ter coragem de sublinhar em voz alta e em letras maiúsculas. Pois, a tendência que se tem, nessas circunstâncias, de se destacar simplesmente as consequências não vão ajudar a diminuir a fúria de um povo esfomeado e, consequentemente, revoltado.
A mesma coragem que as pessoas e distintas organizações têm para condenar actos de vandalismo por parte da população deve ser a mesma que todos deveriam ter para condenar os actos mais bárbaros do nosso Governo e da nossa Polícia, que durante anos têm, por cumplicidade, fustigado a vida dos angolanos, roubando-lhes a dignidade. Então, se não for para ser assim, não peçam calma ao povo, enquanto forem a causa do caos, não apelam por moralidade e dignidade, enquanto forem os assassinos da moral e os seres mais indignos que o país tem. Peço que não façam papel de hipócritas.
Em situações mais críticas, em que o causador é o Governo, os “moralistas” simplesmente mantêm as bocas fechadas e os dedos quietos. Mas quando é o povo agir, fartam os meios de comunicação social de comentários prolixos para, junto do opressor, tentar transformar a vítima em vilã, o cordeiro em lobo, enquanto o verdadeiro carrasco debruça-se no sofá consguido à custa do dinheiro roubado do povo. Então, estes, os “moralistas”, falam quando deviam calar e calam-se quando deviam falar.
O que aconteceu recentemente é uma amostra do que poderá acontecer nos próximos tempos, se continuarmos a ser governados na indiferença, como se o povo não tivesse valor nem poder.
Atentem-se às causas, condenem a má governação de quem está no comando! Nenhum povo repleto ousa tal atitude. Isso é o resultado da fome e pobreza que, gravemente, assola esta geografia de 1.246.700 km².
Se não têm coragem de criticar o governo e as suas políticas falhadas, não critiquem a resposta do povo.