“REVOLTA DA BAIXA DE CASSANJE É FONTE DE INSPIRAÇÃO PATRIÓTICA”

A revolta dos camponeses da Baixa de Cassanje, a 4 de Janeiro de 1961, está marcada nos anais da história dos angolanos, cuja repercussão e impacto político constitui uma fonte de inspiração patriótica, em prol da educação da juventude e das futuras gerações, afirmou, sabado, em Malanje, o secretário de Estado dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, Domingos André Tchicanha
Ao discursar no Acto Central de celebração do 64º aniversário dos Mártires da Repressão Colonial da Baixa de Cassanje, no município de Kiwaba-Nzoji, o secretário de Estado sublinhou que os acontecimentos do 4 de Janeiro de 1961, a julgar pelos maus-tratos submetidos aos milhares de camponeses angolanos pelo exército colonial português, nos dias actuais seriam enquadrados nos crimes de guerra ou contra os Direitos Humanos.
O 4 de Janeiro, referiu o general Domingos André Tchicanha, é, por isso, uma data de elevado significado histórico e referência da resistência à ocupação colonial, pois constituiu, também, motivo de inspiração dos angolanos, em prol da árdua Luta de Libertação Nacional, que abriu caminho para a conquista da Independência, em 1975.
O secretário de Estado, que presidiu ao acto, em representação do ministro da Defesa Nacional, João Ernesto dos Santos “Liberdade”, lembrou que os 50 anos de Independência Nacional, que se assinalam este ano, vão ser celebrados com elevado júbilo e sob o signo da preservação e valorização das conquistas alcançadas, construindo um futuro melhor.
“Nesta data, Angola, finalmente, viu, pela primeira vez, o hastear da bandeira nacional, posicionando-se em igualdade de circunstância com outras nações na arena internacional”, disse Domingos André Tchicanha, lembrando que o 4 de Janeiro, além de um momento de memória, representa uma soberana oportunidade para os angolanos reflectirem sobre o percurso histórico do país.
“É um momento para o reconhecimento dos feitos dos actos protagonizados pelos heróicos e valorosos filhos de Angola, na luta pela conquista e preservação da Independência Nacional, na preservação da integridade territorial, da paz, unidade, reconciliação nacional e do Estado Democrático e de Direito”, acrescentou.
Domingos André Tchicanha realçou a importância de se continuar a exaltar as conquistas inalienáveis do povo angolano, destacando o engajamento do Executivo em pôr fim aos vários problemas que enfermam a sociedade, na perspectiva de uma gestão criteriosa e responsável, com vista ao bem-estar comum de todos os angolanos.
“Para o alcance destes objectivos, é importante que cada cidadão angolano assuma as suas responsabilidades e o seu dever para com a Pátria”, ressaltou.
A celebração do 64º aniversário do 4 de Janeiro de 1961, consagrado aos Mártires da Repressão Colonial, prosseguiu o secretário de Estado, é das mais justas homenagens do Estado angolano e do seu povo aos Heróis da Baixa de Cassanje, alvos de assassinato, por revindicarem melhores condições de vida e de trabalho.
CONSTRUÇÃO DO MONUMENTO
Convidado a intervir na cerimónia, o governador provincial de Malanje, Marcos Nhunga, manifestou satisfação pelo facto de a província ter sido a escolhida para acolher o acto central de tributo aos milhares de homens e mulheres que perderam a vida por reclamar os seus direitos.
Para o governante, render homenagem aos Heróis da Baixa de Cassanje deve ser um acto de todos os dias e com um olhar especial aos sobreviventes do bárbaro massacre, por serem os protagonistas de um acontecimento que criou as bases para a Independência e a paz.
Marcos Nhunga sublinhou, ainda, que além do monumento histórico a ser construído em prol dos mártires, na localidade de Teka-Dia-Kinda, é reconhecida a necessidade de se prestar maior atenção aos problemas sociais por que clamam os sobreviventes, enquanto o melhor gesto de honrar os Heróis do 4 de Janeiro de 1961.
“Vamos arregaçar as mangas, imprimindo maior dinamismo à solução dos problemas que afligem as populações, e que a memória dos Mártires da Baixa de Cassanje possa inspirar todos os trabalhadores para, juntos, continuarmos a trabalhar na preservação da paz, unidade e progresso, em prol do desenvolvimento do país e da nossa província de Malanje, em particular”, referiu.
O presidente da Federação dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, Ludgério Pelinganga, encorajou o Executivo a prosseguir com os esforços para erguer o almejado monumento em homenagem aos Heróis da Baixa de Cassanje, que causou a morte de mais de duas mil pessoas, maioritariamente camponeses, que, nas plantações de algodão, reclamavam por melhores salários e condições de trabalho.
Ludgério Pelinganga manifestou, ainda, a disponibilidade da Federação dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria para continuar a aprofundar a parceria com o Executivo, visando o êxito nos esforços empreendidos para a melhoria progressiva e sustentável das condições de vida dos antigos combatentes e respectivas famílias.
RECONSTRUÇÃO NACIONAL
O regedor do município de Kiwaba-Nzoji, José Xirimbimbi, disse que as homenagens aos Heróis do 4 de Janeiro revestem-se de extrema importância, pelo facto de a efeméride ter aberto caminho para a Independência Nacional.
O responsável defende a necessidade de o Governo continuar a apostar na reconstrução nacional, justificando que ainda é notória a existência de comunidades sem os principais serviços sociais básicos, como energia, água, estradas, unidades sanitárias e escolas, entre outros problemas.
“Tenho esperança num futuro melhor e estamos a confiar no Governo, nas autoridades e nos partidos políticos, que devem ajudar na construção de um país mais desenvolvido”, disse.
Para o secretário provincial do PRS, Balduíno Daniel, a histórica data deve continuar a ser assinala de forma efusiva pelos angolanos, relembrando os esforços dos mártires da Baixa de Cassanje que, num dia como ontem, 4 de Janeiro, se assumiram determinados a criar as bases para o processo de Luta de Libertação Nacional.
O político referiu, ainda, que o 4 de Janeiro de 1961 constitui um marco histórico, tendo defendido, por isso, a construção do monumento em homenagem às vítimas, para que os mártires da repressão colonial continuem eternamente na memória colectiva dos angolanos.