EUA CORTAM FINANCIAMENTO À ÁFRICA DO SUL

Há muito que a bússola geopolítica da África do Sul, uma democracia vibrante, direcciona o país para campos opostos ao mundo liberal, mantendo-se assim a favor de posições da Rússia e da China, seus parceiros no BRICS. Entretanto, embora neste momento os EUA digam que a sanção imposta agora àquela Nação nada tem a ver com as divergências de posições no cenário internacional, para muitos observadores, a razão é mesmo esta.
O mundo mudou desde o dia em que Joe Biden, que governou os Estados Unidos da América (EUA) entre 2021 e 2024, saiu da Casa Branca dando lugar ao republicano Donald Trump. Sob Administração de Trump, os EUA estão, à velocidade do cruzeiro, dando costas a todos, inclusive aos velhos aliados, que estão a sofrer com tarifas altas.
E em relação a África, Donald Trump demonstra desinteresse quase total aos países que compõem o continente, e a suspender as ajudas que o seu país tem estendido há décadas. Esta decisão do presidente norte-americano, pelo menos no campo da saúde, com a suspensão da USAID, pode precipitar muitas mortes de doentes com HIV entre os africanos.
Apesar do impacto que deverá advir dessa suspensão ao nível geral de África, faz manchete nos jornais, nacionais e internacionais, a sanção imposta à África do Sul.
Donald Trump justificou a necessidade de suspensão de todos os financiamentos que Washington dá a Pretória com a acusação de que a Administração de Cyril Ramaphosa esteja a confiscar terras e “tratando muito mal certas classes de pessoas”.
A acusação, entretanto, está relacionada aos esforços do Governo Sul-africano de democratizar o acesso à terra no país. Uma estrutura fundiária desigual, herdada da época do apartheid, quando a minoria branca administrava o país.
O decreto assinado pelo presidente Cyril Ramaphosa, e que accionou os alarmes da Casa Branca, permite que o Governo ofereça “compensação nula” em determinadas circunstâncias para terras expropriadas por interesse público.