“FOI O JOGO MAIS IMPORTANTE DA HISTÓRIA DO NOSSO FUTEBOL”

O histórico triunfo, 1-0, sobre o Rwanda permitiu a Selecção Nacional apurar-se pela primeira e única vez para um Campeonato do Mundo de futebol.
No dia em que a efeméride completa 19 anos, o ex-internacional Gilberto Amaral soltou o verbo em entrevista ao Jornal de Angola: “para mim foi o jogo mais importante do nosso futebol”.
A Selecção Nacional dependia de uma vitória para evitar ser ultrapassada pela Nigéria que jogava em casa com o Zimbabwe. Por essa razão, o ex-atleta mostrou-se orgulhoso por fazer “parte daquela geração histórica” que, em Kigali, tornou realidade o que antes era considerado sonho.
“As pessoas podem tentar minimizar o que aconteceu, mas ficou o registo que no dia 8 de Outubro de 2005 nos qualificamos para o Mundial, é por isso que foi o jogo mais importante do nosso futebol”, reafirmou.
O combinado angolano manteve-se firme e inabalável durante longas jornadas na liderança do Grupo 4 da dupla corrida de apuramento para o CAN e Mundial´2006, por isso, Gilberto argumenta que o apuramento foi mérito, não obra do acaso.
“A nossa campanha foi bastante hesitosa, merecíamos ganhar o jogo frente ao Rwanda e garantir a qualificação, como aconteceu,” afirmou.
Antes de defrontar o Rwanda, Angola tinha empatado três vezes e perdido uma fora de casa, mas naquele histórico 8 de Outubro de 2005 os jogadores perceberam que podiam ser eternizados na história, garantiu Gilberto.
“A selecção estava hiper motivada, entrámos de rompante porque sabíamos que era importante ganhar, tivemos o jogo praticamente controlado do princípio ao fim”, revela. O antigo titular da selecção lembrou que minutos antes do golo de Akwá o Rwanda “mandou uma bola ao travessão, foi arrepiante demais,” mas esse lance só aumentou a vontade dos atletas angolanos revolverem de imediato o jogo.
“Na nossa cabeça só havia uma coisa, tínhamos de jogar contra o Rwanda, o árbitro e contra a Nigéria, mas o mais importante era marcar o nosso golo,” lembrou.
Quando Akwá marcou, Gilberto revelou que de imediato começou a rezar para o jogo acabar de imediato: “honestamente falando”.
Mas o que aconteceu a seguir é algo que ele prometeu carregar pelo resto da vida, “há uma foto onde o Mantorras está a festejar com o Akwá, eu estou atrás deles a correr e a chorar, muitos de nós atletas choramos, se calhar só os ruandeses e os nigerianos é que não choraram de alegria depois daquele golo. Eu ainda estou arrepiado, porque é um momento nostálgico”.
Quando Angola chegou à vantagem a ficha de Gilberto caiu de imediato, mas afirma que a emoção continua até aos hoje, é como se ainda estivesse no estádio Amahoro.
“A pressão subiu depois do golo, no fim do jogo, o sonho tornou-se realidade, começámos a receber telefonemas de familiares e amigos, não consigo lembrar desse dia sem ficar emocionado,” rematou emocionado.
Ajustes de contas com a Nigéria
O empate extramuros com a Nigéria, em Kanu, antecipou a qualificação angolana ao Mundial´2006, porque, até então os nigerianos tentaram tirar mérito a boa campanha da Selecção Nacional, garantiu Gilberto.
“O empate a uma bola deu-nos uma certa segurança, pois foi o mote para Angola poder garantir a qualificação”, garante.
Sem receio, Gilberto revelou que o jogo da segunda volta foi o único de toda a longa carreira em que se sentiu intimidado de maneira invulgar. “Na verdade, esse foi o jogo de maior pressão de toda a minha carreira,” confessou.
Antes do jogo, Angola e Nigéria lideravam com 14 pontos, mas as Super Águias apostaram tudo na desforra.
“Alegaram que na primeira volta jogaram com uma selecção muito fraca, por isso, chamaram todas as suas principais unidades”, lembrou Gilberto.
Quando Okocha marcou de livre aos cinco minutos, o estádio foi abaixo e os adeptos nigerianos anteciparam os festejos, uma atitude que fez as Palancas Negras caírem em si para reagir de cabeça erguida.
“Eles marcaram cedo e isso criou a falsa ilusão de que haveria uma goleada, reagimos, e empatámos na segunda parte com o golo de Figueiredo”.
Além da lembrança do 1-1, Gilberto, também, enalteceu o duelo que venceu com Garba Lawal, parecia uma questão particular.
“Foi um confronto directo, não nos conhecíamos de lado nenhum, mas éramos os dois canhotos, ele era uma mais-valia na sua selecção e estava a atravessar um bom momento, mas dificilmente conseguiu tirar-me a bola sem recorrer a falta, porque eu também estava num bom momento de forma”, revelou.